16.11.06

Trinta anos na PM, sem tiros nem algemas

Antes, as pessoas tinham medo da Polícia; hoje, têm respeito'. Assim o sargento Jones Teixeira da Cruz, de 47 anos, tenta mostrar a evolução das forças de segurança pública do Estado durante os 30 anos em que ele atua na Polícia Militar. Ano que vem, o sargento Jones deixa a corporação onde fez carreira e viveu momentos importantes da sua vida.

Atualmente no setor administrativo do Comando de Policiamento da Capital (CPC), o sargento Jones não tem dúvida de que vai sentir saudades do trabalho. Mas reconhece, também, que precisa de outras ocupações na vida. 'Tenho esposa e dois filhos. Acho que agora vai ser possível dar melhor atenção a eles. Mas que vai ser difícil largar a farda, vai', sentencia, em entrevista ao repórter Pedro Paulo Blanco, de O LIBERAL

Desses 30 anos, quanto tempo você ficou na rua, no chamado policiamento ostensivo?

Quinze anos. De dia ou de madrugada, circulei por todas as ruas e becos que você possa imaginar em Belém.

O que você constatou de maneira bem clara, nesse período?

Uma aproximação muito boa entre a PM e comunidades, principalmente aquelas localizadas em áreas mais carentes. Mas também percebi, infelizmente, o abuso dos meliantes e a forma como o bandido perdeu o medo e o respeito pela Polícia.

Na sua avaliação, por que isso aconteceu?

A aproximação com a comunidade se deu em função do aprimoramento pelo qual passaram os policiais militares nos últimos dez anos. A comunidade começou a perceber que realmente podia contar com a PM. Os bandidos, por sua vez, perderam o respeito por conta dessa forma precoce com que muitos adolescentes estão 'caindo' no crime. Às vezes, me assusta ver quanto aumentou o número de menores infratores em Belém...

Como era o quadro do menor infrator no seu tempo?

Quase todos eram os famosos 'cheira-cola' e quase sempre eram conduzidos à unidade policial por pequenos delitos, tipo furto e perturbação da ordem pública. Hoje, eles (menores) estão matando. E o que é mais assustador: dificilmente sofrem punição por isso.

Na sua opinião, o que levou a esse quadro?

Eu não tenho dúvida de que falta educação na vida desses meninos e meninas em grande parte dos casos. Mas também não dá para descartar o aspecto social. Acredito que o problema dos menores infratores é uma questão que vai muito além do aspecto policial. Seria preciso um conjunto de forças, inclusive com a ajuda da população, para resolver a questão.

O consumo de droga também tem culpa nisso?

Com certeza. Hoje você tem uma diversidade muito grande de entorpecentes. E o que é pior: o acesso a essas drogas é muito fácil. Sou do tempo em que a polícia saía para procurar 'maconheiro'. Ele era quem metia medo nas pessoas. Hoje é tudo muito diferente e, como disse antes, começa tudo muito mais cedo. Acredito que drogas e violência andam de mãos dadas no mundo do crime.

É verdade que você nunca atirou em ninguém?

Não só deixei de atirar como também nunca algemei ninguém. Guardo todas as 46 ocorrências das pessoas realmente presas por ações das quais participei. Sempre acreditei no diálogo. Quando precisava levar alguém preso, convencia-o a entrar na viatura, ou camburão, como chamávamos. Isso sempre me deu uma tranqüilidade muito grande para trabalhar.

Mas parece que nem isso evitou que você fosse vítima da violência...

É verdade. Faz pouco tempo, eu estava na frente da minha casa, no Icuí-Guajará, em Ananindeua, quando três rapazes me assaltaram. Para minha sorte, eles levaram apenas meu telefone celular. Deixei de lado e continuei vivendo minha vida e agradeci a Deus por nada de pior ter acontecido comigo.

Falando em perigo, existe algum que realmente fez você sentir medo nesses 30 anos de atividades?

Sim. Em 1998, eu trabalhava como escrivão de um processo que investigava uma denúncia contra um oficial da PM. Precisávamos pegar alguns depoimentos no então Presídio São José. Esse procedimento estava marcado para uma sexta-feira, mas os outros policiais envolvidos na ação queriam transferir o trabalho para o sábado. Depois de insistir bastante, consegui convencê-los a ir na sexta. No sábado, voltamos ao presídio apenas para pegar alguns documentos. Foi quando explodiu a última e maior rebelião do Presídio São José. Os presos saíram das celas e procuravam policiais e agentes prisionais para fazer refém e matar. Saímos pelo chamado 'corredor da morte' e conseguimos escapar ilesos. Depois, seguiram-se aquelas cenas horríveis que os mais velhos nunca esqueceram. Fiquei pensativo sobre tudo aquilo por muito tempo.

E dentro da corporação, você acha que as coisas melhoraram ou pioraram?

Melhoraram, sobretudo no aspecto educacional. Antes, não havia conversa. Quando alguém faltava ao serviço, ia direto pra cadeia. Agora existe todo um procedimento interno em que você pode até ser punido, mas também tem direito à ampla defesa. Também acho que a Polícia está mais equipada e, o que é muito bom, mais educada. E a tendência, por tudo o que os oficiais comandantes têm feito, é de que a coisa melhore ainda mais.

Existe algum exemplo prático que justifique isso?

Antes, quando a viatura da PM chegava a um local, ninguém tinha coragem de chegar junto e informar ou pedir informação. A Polícia metia mais medo que o bandido. Hoje, grande parte do sucesso da PM se dá pela colaboração da população. Muitos dos assaltantes que hoje são capturados chegam à cadeia graças às informações da comunidade. Isso mostra que as pessoas finalmente entenderam que a polícia é parceira.

Existe alguma coisa que você gostaria de ter feito e não fez na Polícia Militar?

Não. Acredito que tudo pelo que passei e fiz estava predestinado. Sempre me senti vocacionado para as Forças Armadas. Em 1976, servi ao Exército. Quando dei baixa, procurei a PM porque esse era meu destino. Fui feliz durante todo o meu período de atividade.

*Matéria extraída do jornal O Liberal, publicado no caderno Polícia do dia 15/11/2006.

Email: cpc@pm.pa.gov.br / comando_metropolitano@yahoo.com.br

3.11.06

Evento do Dia das Crianças

Muita alegria, doce, guaraná e presentes na manhã de ontem para as crianças de dois a quatro anos de idade da Creche Santo Agostinho, localizada no bairro de Canudos.

A manhã festiva organizada pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), contou com a presença do Comandante Joaquim Silva Sousa, Capitão Élson, o Grupo de Moto Patrulhamento (GMP), a diretora da creche Ana Claúdia e as professoras daquela unidade.

Esteva presente, ainda, a banda de música da Polícia Militar e alguns policiais militares vestidos de palhaços que fizeram a diversão da criançada.

A Creche recebeu uma televisão de 20 polegadas doada pelo CPC e as crianças presenteadas com vários brinquedos distribuídos pelo coronel Joaquim.Eventos como esse mostram o interesse da Polícia Militar em promover o bem-querer a todos da sociedade, principalmente as crianças.