Antes, as pessoas tinham medo da Polícia; hoje, têm respeito'. Assim o sargento Jones Teixeira da Cruz, de 47 anos, tenta mostrar a evolução das forças de segurança pública do Estado durante os 30 anos em que ele atua na Polícia Militar. Ano que vem, o sargento Jones deixa a corporação onde fez carreira e viveu momentos importantes da sua vida.
Atualmente no setor administrativo do Comando de Policiamento da Capital (CPC), o sargento Jones não tem dúvida de que vai sentir saudades do trabalho. Mas reconhece, também, que precisa de outras ocupações na vida. 'Tenho esposa e dois filhos. Acho que agora vai ser possível dar melhor atenção a eles. Mas que vai ser difícil largar a farda, vai', sentencia, em entrevista ao repórter Pedro Paulo Blanco, de O LIBERAL
Desses 30 anos, quanto tempo você ficou na rua, no chamado policiamento ostensivo?
Quinze anos. De dia ou de madrugada, circulei por todas as ruas e becos que você possa imaginar em Belém.
O que você constatou de maneira bem clara, nesse período?
Uma aproximação muito boa entre a PM e comunidades, principalmente aquelas localizadas em áreas mais carentes. Mas também percebi, infelizmente, o abuso dos meliantes e a forma como o bandido perdeu o medo e o respeito pela Polícia.
Na sua avaliação, por que isso aconteceu?
A aproximação com a comunidade se deu em função do aprimoramento pelo qual passaram os policiais militares nos últimos dez anos. A comunidade começou a perceber que realmente podia contar com a PM. Os bandidos, por sua vez, perderam o respeito por conta dessa forma precoce com que muitos adolescentes estão 'caindo' no crime. Às vezes, me assusta ver quanto aumentou o número de menores infratores em Belém...
Como era o quadro do menor infrator no seu tempo?
Quase todos eram os famosos 'cheira-cola' e quase sempre eram conduzidos à unidade policial por pequenos delitos, tipo furto e perturbação da ordem pública. Hoje, eles (menores) estão matando. E o que é mais assustador: dificilmente sofrem punição por isso.
Na sua opinião, o que levou a esse quadro?
Eu não tenho dúvida de que falta educação na vida desses meninos e meninas em grande parte dos casos. Mas também não dá para descartar o aspecto social. Acredito que o problema dos menores infratores é uma questão que vai muito além do aspecto policial. Seria preciso um conjunto de forças, inclusive com a ajuda da população, para resolver a questão.